Paixões políticas cegam a razão
- Anderson Cruz
- Dec 20, 2022
- 3 min read
Updated: Jan 6, 2023
Podemos lamentar, com todas as forças, o cenário vergonhoso que vem sendo construído...
Estamos num momento em que um problema tem se agravado todos os dias: a polarização.
Esse termo está – digamos – no auge em nosso país, principalmente quando tratamos de política. Os extremos se levantam para mostrarem suas garras com ataques irracionais, onde o intuito é apenas fazer valer a sua própria opinião e para isso acontecer, são capazes de destruírem uns aos outros.
Casos de confrontos e até violência estão comuns em nossa sociedade e podemos lamentar, com todas as forças, o cenário vergonhoso que vem sendo construído por defensores de imagens políticas, esquecendo-se de pensarem os projetos pelos quais são possíveis as mudanças necessárias no Brasil. Há uma luta (como cabo-de-guerra) entre “direita” e “esquerda”.
São polos que jamais se compreenderão, pois seus ideais são defendidos a qualquer preço, o que difunde a ideia de que a luta não é pelo povo, mas pelos interesses pessoais e partidários. Para haver a compreensão entre um lado e outro, é preciso vim para o meio e olhar com olhos imparciais e sem paixões. Não podemos fugir dos seguintes questionamentos: Estamos vivendo um período de “emburrecimento político”? (Há quem diga que já estamos há tempos vivendo assim).
Qual educação política nossas crianças e jovens estão recebendo em seus lares e, principalmente, em escolas e faculdades? Podem eles pensar por si mesmos ou apenas seguir na “vibe” de lideranças que se expõem com veemência por causas de suas bandeiras? A realidade é que, infelizmente, vemos muitos jovens às ruas gritando e vibrando bandeiras para defenderem ideologias sem – ao menos – conhecerem suas causas e seus efeitos. Eles não querem aprender a pensar politicamente, mas são levados a pensar partidariamente. Possuem respostas prontas que advém de pessoas que se vestem de ativismo, mas não se comportam como ativistas. Esse palco extremista rebaixa o senso de meio-termo que precisamos ter para olharmos com racionalidade a situação como um todo. Se posicionar moderadamente parece ser sinônimo de fragilidade ou indecisão, pois ancoram a credibilidade entre “direita” e “esquerda”. Uma realidade que, a cada ano, está rotulando o Brasil como um país sem solução. São apaixonados politicamente e cegos diante de suas teses. Quando estamos em uma extremidade, temos algo ou em excesso ou em carência. Isso acontece se estivermos distantes do meio-termo, o qual é a virtude da justiça. Por isso, eu pergunto: Há virtude na polarização política? Para o filósofo grego Aristóteles, justiça não é parte da virtude, mas é ela por inteira porque se dá no meio-termo. Ou seja, quanto mais extremos formos, menos justos seremos em nossos pensar e em nosso agir. Ele disse algo muito importante que eu trago a seguir:
“A virtude é um meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta. E assim, no que toca à substância e à definição que lhe estabelece a essência, virtude é uma mediania. É preciso, portanto, falar destes dois, a fim de melhor compreendermos que em todas as coisas o meio-termo é louvável e os extremos nem louváveis nem corretos, mas dignos de censura”. (ARISTÓTELES. 322 AEC).
Tal argumento nos faz clamar por empatia, pois estamos coléricos demais e isso nos faz rejeitar o contraponto. Não podemos confundir “conflito de ideias” com “confronto pessoal”, pois o debate político dos extremos não nos convida para um diálogo, mas para uma guerra de xingamentos e ofensas.
Onde vamos parar?
Se você, leitor (a), também tem essa percepção, então, nos resta apenas clamar por empatia aos que erguem suas bandeiras partidárias, pois um país justo e coerente se faz pelo meio-termo.
Anderson Cruz.
Escritor, terapeuta e licenciando em filosofia.