A dor que não deve ser evitada
- Anderson Cruz
- 29 de dez. de 2022
- 2 min de leitura
Depois, erga a cabeça, respire fundo e faça as perguntas certas que as respostas vão fluir. E então, a dor se tornará prazer...
- O que um cosmopolita faz isolado nesse banco? Estás se afundando em sua melancolia?
- Ah, professor! Como evitar uma dor que está sempre presente em nossa vida?
- Será que é essa a pergunta que você deve fazer, John?
- O que mais eu poderia dizer? Não tem como encontrar prazer em meio a dor. Na verdade, eu estou em um caminho sem respostas.
- Talvez, evitá-la pode ser o caminho menos sensato.
- Mas, para lidar com essa dor eu preciso ter autocontrole e isso tem sido cada vez mais difícil para mim.
- Esse autocontrole pode nos livrar da dor de não ter o que queremos? - perguntou o professor.
Ambos em silêncio.
- Olhe nos meus olhos, John. Nem tudo estará em seu controle. Nem mesmo os seus desejos.
- É... Parece que eu já estou percebendo isso. Me responda, professor: O que a Filosofia diz sobre isso?
- Ela não diz nada. Apenas nos conduz à dúvida antes de construirmos as nossas convicções. Ela nos dá clareza dos fatos.
- Continue...
- A Filosofia nos ajuda a lidar com as dores, a dor física, a dor de uma doença, mas também a dor por não termos a vida que queremos viver. Receio que a Filosofia não queira nos confortar diante das dores.
- O que o senhor quer dizer?
- Não se puna por não ver as coisas acontecerem da sua maneira. Se desapegue dessas regras morais que só trazem culpa. Largue esses conceitos obsoletos que são impotentes diante da força dos sentimentos. Permita-se à frustração. Perceba a dor, John, pois nem sempre você vai alcançar a felicidade. Depois, erga a cabeça, respire fundo e faça as perguntas certas que as respostas vão fluir. E então, a dor se tornará prazer.
* Diálogo encerrado.
Anderson Cruz.
Escritor, terapeuta e licenciando em filosofia.
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