A manipulação como remédio
- Jorge Gomes
- 20 de dez. de 2022
- 1 min de leitura
Selecionamos os melhores momentos, os sorrisos, as conquistas. Enquadramos seletivamente. Que refrigério...
Os remédios estão cada vez mais sofisticados. Os primeiros medicamentos eram extraídos de sangue dos animais e das folhas, assim o homem podia desenhar nas paredes com pedras e ossos, uma forma de se expressar.
Depois o homem foi aprimorando a farmacologia. Começaram a armazenar, além de caçar e coletar, "acumularam" para fins de remédio. O trigo domesticou os homens, logo estavam entorpecidos com o conforto do sedentarismo.
Depois reservaram mulheres para um grupo. Criaram regras para a multidão, escreveram e rescreveram. Derrotas, apogeu e declínio e, com isso, usaram a superação e a vingança como fármaco.
Na história, construíram a ideia do homem guerreiro. Criaram valores e o personificaram para que assumisse o risco literalmente a fim de defender um grupo. Notadamente a adrenalina aparece como remédio.
Muitos dizem que Humphry Davy descobriu os efeitos anestésicos do óxido nitroso, desconsiderando as aquisições pré-históricas, mais ainda os alucinógenos moderno e contemporâneo.
Dessa vez o rádio e a televisão chegaram com muita força. Trataram várias pessoas (ao invés de elas ficarem presas em questões existenciais), colaboraram para a fuga da realidade, do tédio e da angústia.
Sobrepuseram o próprio Ópio e a Morfina no século XIX. Trouxeram um colorido, nos ensinaram como devia ser uma família feliz, no que acreditar, no que comprar e no que pensar.
Hoje, o grande remédio é Whatsapp, Facebook e Instagram. Esses lugares podemos ser aquilo que nunca fomos, quem não somos e que – bem provável – não seremos.
Cortamos, recortamos, adicionamos cores, ajustamos o brilho, selecionamos os melhores momentos, os sorrisos, as conquistas... Enquadramos seletivamente.
Que refrigério!
Jorge Gomes.
Pedagogo.
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