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Dilema ético

Não há inocentes, pois todos nós temos um pouco de culpa ou responsabilidade pela dor do outro...

Todos sabem, mesmo de modo inconsciente , que vida prática — namoro, trabalho, casamento, etc. — põe-nos em um dilema ético, no qual o nosso caráter e a qualidade da convivência social será determinada.


A vida prática tem como pressuposto algum grau de violência (mesmo que simbólica ou psicológica) de submissão, de maldade contra alguém ou contra algo. Por exemplo, quantas vezes nós somos jogados ou impelidos a maltratar alguém ou, mesmo, a ser indiferente? Ora! Muitas vezes, até mesmo em nome de nossa sobrevivência e dever; ou, mesmo, quando cedemos às vontades alheias — por exemplo, dos amigos — mesmo quando estas atitudes são eticamente condenáveis [questão muito presente na adolescência].


Assim, a vida prática ocasionalmente põe em curso nosso caráter.


Em geral, se evita pensar no mesmo, aceitando como fato que o importante é obter vantagem para si. Assim, a opressão, a violência — mesmo que implícita ou simbólica —, a submissão, a maldade, são condições de existência de uma sociedade. Não há como viver de outro modo; eis o fato. Assim dizem!


Se a vida prática implica a negação dos valores éticos, tais como de convivência, de amor, de respeito, de irmandade, de justiça, perfeitamente alinhados entre si, (primeiro) não há inocentes, pois todos nós temos um pouco de culpa ou responsabilidade pela dor do outro; (segundo) somente a negação do mundo social — tal como faz o eremita ao se isolar do convívio humano — tem como conciliar a existência e a ética; logo, (terceiro) somente o homem religioso — à medida que a religião visa justamente isso, suprimir os valores ímpios, egoístas, violentos, maus, do espírito humano —, o eremita, o místico, o religioso [enfim] é inocente, isto é, idôneo e bom, justamente porque sua vida não se pauta pelos valores mundanos, cuja consequência é... Inegavelmente algum dano ao outro.


Que então devemos fazer? Aceitar a vida como espaço de luta entre “fortes” e “fracos”, ou renunciar ao egoísmo em nome de um profundo senso de obediência diante da existência do Outro? Se sim para o último caso, como fazer isso?


Thiago Carvalho.

Psicólogo e pós-graduando em neuropsicologia.

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