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Eu procrastinei, podem me julgar

Atualizado: 4 de jan. de 2023

Nobre existência nas manifestações que age na vontade e não no fazer, nos convida a sairmos da zona de conforto...

Olhei e vi o quão grande são os sonhos e, às vezes, as possibilidades inexistentes na operacionalidade de minhas potências. Potências essas que se popularizou nas discussões do filósofo Aristóteles, o qual afirmou que:


“Potência é tudo aquilo que o ente pode ser”.


Talvez, eu seja uma fraude diante do que posso conquistar e, por isso, me retraio. Seria esta a palavra: procrastinar? O não fazer me acompanha, utilizo o famoso dizer popular “desde que me entendo por gente”. Assim, sigo frustrada, mas, não é só isso, tem mais; as realizações são ingredientes que logo temperam a vida e tiram o gosto amargo das derrotas, das incertezas e – sobretudo – sustentam a compreensão de que eu sou um ser em ascensão, transcendente e protagonista de muitos enredos (estes nem sempre bem vistos, nem apreciados, mas que existem e são reais).


Essa nobre existência nas manifestações que age [quase sempre] na vontade e não no fazer, nos convida sairmos da zona de conforto; aquela fórmula de desenvolvimento tão significativa e literalmente reconhecida e aplicada por Jean Piaget.


Em seus estágios operacionais, (sensório-motor, pré-operacional, operacional concreto e operações formais), permitem contemplar as etapas que se perpetuam da infância até a fase adulta. Logo, afirma ele que:


“Ora, assimilando assim os objetos, a ação e o pensamento são compelidos a se acomodarem a estes, isto é, a se reajustarem por ocasião de cada variação exterior. Pode-se chamar “adaptação” ao equilíbrio destas assimilações e acomodações”. (PIAGET. 1999, p. 17).


Sobre essas acomodações, ouso em afirmar que são as atitudes que nos tiram da zona de conforto ou que ocasionam a permanência do mesmo. Pelo não ousar e se lançar ao novo, retorno à reflexão inicial: eu procrastinei?


Ao refletir sobre, teremos chances de mudanças ou não. Dependerá sempre da motivação ou da disciplina? Tantos questionamentos... Quase sempre sem resposta. Eita, amorosidade que me persegue.


Todas as provocações observadas, a princípio, me causa medo. Literalmente a suspensão do juízo (poché: termo grego que significa colocar entre parênteses) quase sempre opõe-se aos dogmatismos de plantão.


Perpetuar velhos pergaminhos, construindo para serem guias valorosos a uma jornada de sucesso, seria um dos grandes desafios da humanidade. Tolice! São desafios meus que eu amplio para que outros sejam réus e se tornem refém de julgamentos que saem dos meus preceitos e reverberam e, ainda, entram em vidas alheias que sem permitem criar perfis que me descrevem como vencedora, ou fracassada, dependendo do seu olhar.


Porventura, seria eu um ser procrastinador?


Ou, posso ser um ser que somente atende aos estímulos causados pelas possibilidades que não se tornaram oportunidades de mudanças, em virtude das minhas relações e do meu contexto. Percebem minha maestria em livrar-me das acusações construídas pelas arguições que seguem fidedignamente nas minhas ações e emissões no quesito “Eu PROCRASTINEI”; e não nego, podem me julgar.


Antelmara Silva.

Pedagoga e licenciada em Filosofia.

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