Filhos que encontram outros caminhos

Os filhos encontrarão um caminho alternativo para comprovarem a autenticidade de um conselho...

Confesso que antes de ser pai de um maravilhoso filho, eu acreditava poder moldá-lo às minhas crenças. Mesmo com uma boa intenção, pensava que seria possível fazê-lo amadurecer conforme padrões éticos e morais que eu prezava.

Ajudá-lo a construir a sua personalidade era uma responsabilidade que eu assumia como um dever, pois os ensinamentos passados por minha geração não negociavam com fracassos e por isso, criar uma criança por essa fôrma era um desafio pessoal.

Grande engano!

A partir do momento em que o conheci durante a nossa convivência e depois de viver momentos confusos e frustrantes durante o seu relativo amadurecimento, eu percebi que praticar a tal ideia seria como tentar tirar sua liberdade por meio de uma gaiola.

Será que um pai ou uma mãe consegue impedir um filho de ser quem ele realmente é?

Jamais.

É possível que um tutor influencie na forma de pensar de sua prole, mas não significa dizer que essa influência a controle em momentos dos picos emocionais. De algum jeito, os filhos encontrarão um caminho alternativo para comprovarem a autenticidade de um conselho dado por seus cuidadores, mesmo havendo grande sintonia entre as partes.

“Quebramos a cara” quando nos certificamos que adicionar obstáculos de percurso pode até resultar em consequências cognitivas e comportamentais, mas não em construção do ser.

Assim, digo que não temos o poder de construir ninguém e se isso não for compreendido, existirão ainda muitos pais frustrados que culpam seus filhos por seguirem caminhos diferentes.

Um passarinho que se vê preso sabe que não pode voar, mas ele nunca deixará de cantar.

Trata-se de uma realidade que não clama o poder influenciador de um formador. Nós, pais, temos a tendência de intervir na tomada das decisões e – muitas vezes – sem qualquer diálogo para fundamentar a nossa intenção, até percebermos que a nossa responsabilidade se resume a dar oportunidades e orientações que o ajudem na descoberta de si mesmos.

Não somos donos de nossos filhos, mas provedores de amor e carinho.

A missão dos pais consiste, portanto, em conduzir seus filhos para que encontrem seus próprios caminhos.

Anderson Cruz.

Escritor, terapeuta e licenciando em filosofia.