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O problema dos estímulos

Devemos considerar o axioma Socrático "conheça-te a ti mesmo" para identificarmos aquilo que nos escraviza...

Em todo momento a sociedade é estimulada com as propagandas que buscam estimular o interesse em algo no espectador, seja pelas vitrines atraentes das lojas ou pelas redes sociais que usam algoritmos nas publicações para filtrarem exatamente que procuramos.


De acordo com o filósofo Noam Chomsky, "A imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica. E deixar cicatrizes no cérebro". Com profusos estímulos o ser humano é manipulado como um fantoche nas mãos da publicidade, a qual controla nossos cinco sentidos.


No caso do olfato, o órgão vomeronasal, é responsável pela conexão do cheiro com o cérebro, dentre diversas pesquisas como a da Academia Chinesa do Pequim o que concluiu que homens homossexuais e mulheres heterossexuais reagem positivamente à determinada substância. Em geral, muitas pessoas sentem atração pelo odor da pele da pessoa amada semelhantemente como feromônio, no qual o ser humano vira um boneco na mão dos laboratórios.


Somos seduzidos pelos sabores (doces, salgados, azedo e amargo). As papilas degustativas na língua enviam sinais para o cérebro com o objetivo de conquistarem qualquer ser humano com o “amor à primeira vista”, deixando-nos escravos da comida, muitas vezes, industrializada e ultraprocessada, provocando o que chamamos de fome.


A visão é predominante dentre os sentidos. Num décimo de segundo o cérebro consegue interpretar a mensagem, identificando iluminação, intensidade, cores, posicionamentos, entre outros. Determinada cor estimula um comportamento, como destaca Robert Plutchik no livro "Psicologia das cores". Assim, o ser humano considera a aparência do produto como decisivo no momento da compra.


O marketing auditivo, com o som viciante do jogo, as músicas animadas na loja de roupa estimulando a alegria e o consumo irracional, "melhoram a experiência" da clientela com o intuito de conduzir a massa para determinado comportamento. O som exerce uma relação íntima com os ouvintes, memória afetiva, despertam lembranças como o canto do galo e o toque do sino da igreja.


Referente ao tato, as lojas físicas procuram dispor de experiências diversificadas como amostra grátis de algum produto para o cliente sentir o material, verificando se a matéria é áspera, macia, gelada, quente, entre outras texturas... Os desenvolvedores sabem exatamente a tendência que exerce força ao consumo.


À vista disso, devemos considerar o axioma Socrático "conheça-te a ti mesmo" para identificarmos aquilo que nos escraviza – nossos limites, nossas fragilidades, e todas as amarras. Só assim nós alcançaremos a autonomia, hora fugindo do campo dos estímulos, hora gerenciando-os com o propósito de sermos donos de nós mesmos.


Jorge Gomes.

Pedagogo.

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