Soneto filosófico: cacos vitrais e verdades
- Antelmara Silva
- 28 de dez. de 2022
- 2 min de leitura
O que seria essa individualidade, já que sou construída de cacos que por alguns momentos se tornaram vitrais?...
Ao pensar no universo, eu me reporto a todas as coisas que me cercam. Automaticamente, aproprio-me das grandes reflexões de um grande filósofo grego – Aristóteles – quando em sua busca frenética em compreender o mundo, trouxe lendárias reflexões que nos ajudam a idealizar um mundo que a princípio é nosso, mas tão logo nos é furtado.
Nessa busca, peço carona e tomo conta de pensamentos que começam a fazerem parte da minha história. É bem simples assim.
O que aprendi com Aristóteles?
Ele me disse que tudo no mundo possui algo de universal, mas não perde a individualidade.
Intrigante, mas fiquei sem entender.
O que seria essa individualidade, já que sou construída de cacos que por alguns momentos se tornaram vitrais?
Esses belos e significativos cacos (às vezes aleatórios e sem sentido) precisam do sol para esplandecer sua beleza, para deixarem de ser simples cacos e se tornarem vitrais.
É... Isso é complexo demais.
Porém, Rubens Alves (citando um trecho de sua amiga Maria Antônia de Oliveira) me ajuda a entender que a vida se trata de caricaturas incompletas, de cores variadas, brilhantes e que muitos cacos foram meus e bem vividos e outros nem tanto.
“A vida se retrata no tempo formando um vitral, de desenho sempre incompleto e cores variadas, brilhantes, quando passa o sol.
Pedradas ao acaso acontecem a partir de pedaços, ficando buracos irreversíveis.
Os cacos se perdem por aí...
Examino-os tentando lembrar
De que resto faziam parte”. (ALVES, 2009).
De fato, os vitrais nos fazem personagens de enredos que se materializam sistematicamente e nos ensinam que precisamos de cacos para nos tornarmos vitrais.
Com essas manifestações filosóficas, me proponho a descortinar algumas impressões e características que somaram na minha construção e na formulação de certas verdades arquitetadas no currículo da vida, onde as possibilidades de mudanças estão sempre condicionadas a identidades e que são manifestadas através de pessoas que se tornaram importantes, em determinado período.
Essas pessoas, com o passar do tempo, foram desconstruídas por interesses – ou não – e por manifestações de valores e princípios que vão se formatando com novas concepções, tornando-se responsáveis por novos olhares e que fazem de mim um novo ser ou uma prisioneira de um tempo que eu não gerencio... Só acompanho.
Antelmara Silva.
Pedagoga e licenciada em Filosofia.
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