Um coração social ou biológico?
- Antelmara Silva
- 29 de dez. de 2022
- 2 min de leitura
Nossos sentidos são capazes de nos enganar e, por isso, devemos procurar em outro lugar o fundamento de conhecer...
O que dizer desse órgão de tão extraordinária função? Coração alado, coração ferido, coração amado, coração valente, coração sincero...
Suas funções me causam medo. Talvez, pelos símbolos e signos que socialmente criamos contigo, desde o nascimento até as mais diversas situações que te chamam para gerenciar.
Ligados a todo sistema biológico reconhecido nas literaturas, defendemos também sua função social. O responsabilizamos pelos mais diversos impulsos, às vezes ingênuos, perversos em circunstâncias, ocasionando turbilhões de emoções e ações no currículo da vida.
Dos mais nobres gases de extrema necessidade do ser humano tu tens o monopólio. Talvez, isso o faça ser extraordinário.
Na sua morada bem do lado esquerdo percebe-se a presença apenas de sangue rico em oxigênio, enquanto do lado direito observa-se a presença apenas de sangue rico em gás carbônico. Dois gases nobres que nos envergonham por tamanha grandeza.
Mas, o que eu quero falar é o quanto me sinto justificada em saber que – quando agimos pelas emoções – eu tenho um cúmplice que sustenta minhas tomadas de decisões, ausentando-me de erros ou culpas, o que contraria o grande filósofo do século XVIII, Immanuel Kant.
Em seus discursos sobre ética, ele afirmou que o que deve guiar as ações do homem é a razão, sendo universal independentemente da cultura que o individuo se insere como função reguladora.
Contudo, pensando de maneira utópica, vou me deleitar no dualismo platônico.
Nossos sentidos são capazes de nos enganar e, por isso, devemos procurar em outro lugar o fundamento de conhecer – por outra seara, talvez – a transitoriedade, evidenciando-se nas coisas sensíveis que não podem dar razão de si e por si mesmas, buscando (às vezes) uma identidade atemporal e indestrutível.
Meu objetivo não é conceituar, tão pouco criar uma teoria, mas vislumbrar as tomadas de decisões – sejam elas sensíveis ou inteligíveis – pelo coração, o descrevendo como um órgão do corpo humano ou um sentimento que busca, a todo instante, ser domado pelas crenças e dogmas, percorrendo campos distintos, filosófico ou religioso, que não muda o alvo, mas acerta precisamente o ser humano nas suas singularidades.
Antelmara Silva.
Pedagoga e licenciada em Filosofia.
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